ProWein 2022: o que aprendemos sobre os vinhos alemães

Desde a última semana, você tem acompanhado por aqui conteúdos sobre o que vimos na ProWein 2022, que ocorreu no mês passado em Düsseldorf, Alemanha.

No total, foram 5.700 expositores de 62 países e mais de 38.000 visitantes de 145 países, reunidos em 13 pavilhões. O sucesso e os números recordes em vendas também se deram por conta da saudade: a feira não ocorria de forma presencial há dois anos.

Nesta parceria entre I Love Vinhos e Werle Comercial, hoje a gente vai mostrar para você um pouco do que aprendemos nos gloriosos espaços destinados aos vinhos alemães.

 

Um pouco da história dos vinhos alemães

É desconhecido o início da vinicultura na Alemanha. No entanto, arqueólogos já encontraram facas de poda em uma região com formato semelhante ao que é usado em vinhas. Apesar disso, não se tem certeza de que eram de fato empregadas com esta finalidade.

Falando com um pouco mais de concretude, o que se sabe é que no ano de 280, momento em que a Germânia era tomada pelo Império Romano, viu-se o imperador Probus (232-282) decretar a plantação de vinhas em volta do rio Reno e do rio Danúbio.

Se a história nos deixa um pouco confusos, um ponto que é indiscutível é que os vinhos alemães têm qualidade incrível. A Alemanha figura hoje entre os 10 maiores produtores, em especial por conta da uva Riesling, extremamente apreciada por lá.

A respeito desta variedade, inclusive, tomamos vinho com grandes goles de conhecimento na ProWein 2022.

 

Riesling é casta emblemática da Alemanha

É impossível falar sobre vinhos alemães sem mencionar a uva Riesling. Trata-se da mais famosa do país. Para se ter ideia, corresponde a praticamente 1/4 de todas as variedades cultivadas. Estima-se que represente mais de 20 mil hectares das vinícolas germânicas.

Versátil e aromática, a Riesling é realmente maravilhosa. No passado, alguns vitivinicultores acrescentavam açúcar a fim de balancear a acidez e gerar vinhos mais doces. Hoje se observa a utilização desta variedade para elaborar exemplares secos. A partir da Riesling, os vinhos costumam apresentar boas notas de frutas tropicais, cítricas e que remetem a flores. Algumas vezes até a mel. Já em boca, o corpo é leve e a acidez costuma ser alta, ou seja, perfeita para os dias mais frios.

 

Diferença entre Riesling Renano (Alemanha) e Itálico (Brasil)

Uma questão curiosa que aprendemos na ProWein é a diferença entre as variedades de Riesling Renano e a Itálico. De fato, há peculiaridades que devem ser levadas em conta.

A alemã Riesling Renano, também conhecida como Emerald Riesling, é mais aromática, tem alta acidez e grande potencial de guarda. Já a Riesling Itálico, cultivada no Brasil, é uma casta neutra, com igualmente alta acidez, mas que gera vinhos mais simples.

A variedade da Alemanha tem desenvolvimento com maior êxito em temperaturas frias, já que o calor excessivo amadurece a uva de forma mais sorrateira, influenciando na acidez e na delicadeza dos aromas.

 

Como são os vinhos Riesling elaborados na Alemanha?

Depende da região onde é elaborado. Na região do Mosel, são vinhos extremamente florais. Já no Reinhgau, são elaborados os brancos mais encorpodos. Em geral, o Riesling romano tem notas floriais, cítricas, em algumas regiões ao norte do rio Reno, como damasco e pêssego fresco. Ainda podem ser notados aromas terciários, tipo petróleo, torrada, mel e fumo botrytis (podridão nobre).

Em Mosel, localidade onde o clima é fresco, os vinhos Riesling têm notas florais que remetem a frutas verdes, como maçã verde, e também cítricas, a exemplo do limão e da lima.

No clima moderado de Pfalz, o Riesling Romano faz nascer vinhos com notas de frutas de caroço, como pêssego branco, e outros que remetem a frutas tropicais, como manga e abacaxi.

 

Classificação dos vinhos alemães, de acordo com o açúcar residual

Trocken é o termo usado para vinhos secos, com até 4 gramas por litro, mas podendo chegar a 9 gramas por litro de açúcar residual, dependendo da acidez total. São vinhos fermentados. Por conter pouco açúcar não fermentado, costuma-se perceber mais a acidez num vinho trocken.

Já a categoria Halbtrocken refere-se ao meio-doce. Os vinhos podem conter até 15 gramas de açúcar por litro. Levemente doces, eles são deliciosos, tanto os brancos quanto os tintos.

Lieblich, palavra usada para descrever uma pessoa amável, também diz respeito aos vinhos suaves, com até 45 gramas por litro de açúcar residual. O Riesling Lieblick é bastante comum, inclusive.

Por fim, os vinhos do tipo Süss (süß) são doces, com mais de 45 gramas de açúcar por litro.

 

Os vinhos Prädiktaswein (ou “vinhos com predicados”)

Tratam-se de vinhos alemães com qualidade superior, origem controlada e que não podem ser fortificados, isto é, receber adição de álcool. Eles recebem uma classificação à parte, de acordo com a maturação das uvas quando ocorre a colheita.

  • Kabinett (significa adega): gabinete ou reserva, porque antigamente era guardado nos “gabinetes” dos mosteiores. Pode ser seco, demi sec ou levemente doce. Álcool mínimo de 7%.
  • Spätlese: colheita tardia, mais intensos e concentrados, pode ser seco, demi sec e doce. Estilos bem marcados. Estilo começou por um acaso e foi marcado por questões burocráticas de autorização de colheita de uvas. Diz a lenda que a carroça do bispo estragou e por isso chegou uma semana atrasado para liberar o início da colheita.
  • Auslese: “lese” significa colheita. E “aus”, selecionada. Cachos com uvas muito maduras. Aromas e sabores intensos. Pode ser seco, meio seco e acentuadamente doce. Cachos mais bonitos, mais maduros, aumenta o teor de açúcar.
  • Beerenauslese: significa “colheita selecionada de bagos”. Os bagos são colhidos um a um, selecionando-se as uvas passificadas pela “podridão nobre”, com mais de 260 g/l de açúcar, ou seja, muito doces. São elaborados apenas em anos excepcionais. Ótimos para acompanhar sobremesas e queijos.
  • Trockerbeerbauslese: colheita selecionada de grãos secos, desidratados pela podrirão nobre.
  • Eiswein – o famoso Ice Wine: os “vinhos do gelo” são elaborados com uvas congeladas na videira por uma semana, geralmente colhidas de madrugada, sob temperaturas negativas. São vinhos de sobremesa raros e equilibrados pela alta acidez, geralmente de preços muito elevados. Segundo informações locais, em vista do aquecimento global, estima-se que em 5 anos não terá mais como elaborar este vinho. Uma pena!

 

Delci Werle é sommelière gaúcha, casada, mãe de duas filhas. Da família de descendência alemã, herdou a paixão por vinhos e gastronomia. Com o marido, veio o empreendedorismo e a distribuição de bebidas em São Leopoldo, Rio Grande do Sul.

No currículo, cursos e conhecimentos diversos. Graduada na área da educação nos anos 80, passando por Secretariado Bilíngue (Unisinos) e mais recentemente um MBA em Inovação, Liderança e Gestão 3.0 (PUC-RS), Delci já trabalhou como professora e por longos anos esteve na indústria.

De 2009 pra cá, a gestão dos negócios tomou conta da sua rotina em definitivo. Atualmente, Delci está à frente da Werle Comercial, um dos maiores e-commerces de bebidas do Brasil. Ela sabe que empreender não é tarefa fácil atualmente, mas o desafio também é seu hobby: “o empreendedor deve estar em constante atualização, sempre atento às tendências de comportamento dos consumidores. Tenho sede por conhecimentos, novidades. Estou sempre me atualizando e de olho no que acontece no mercado!”.

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